Ter vontade de empreender é uma característica comum ao brasileiro. Muita gente aqui no país aprende a se virar desde pequeno, construindo os caminhos para que a vida não dependa somente do emprego formal. Vendas de porta a porta, participações em eventos, criação de materiais digitais – o brasileiro é versado em criar formas de ganhar dinheiro.
Essa ideia de criar a própria jornada tem muito a ver com o perfil do empreendedor – uma vez que empreender também é construir algo que vive dentro da sua visão, mas que precisa do seu esforço e boa vontade para que se torne uma realidade.
Independentemente de estar ou não definido pelas características que vamos comentar aqui, você certamente está interessado em empreender, não é mesmo? Talvez você tenha um perfil só seu, mas aproveite para fazer uma boa auto avaliação com as características que os empreendedores apresentam – ou precisam desenvolver para que o desempenho profissional resulte em bons negócios.
Perfil 1 – Empreendedor Executor
Neste perfil você pode ser um fotógrafo, um engenheiro projetista ou um médico. Você é não somente aquele que gerencia o negócio, mas também aquele que coloca a mão na massa na execução das ações da empresa.
É o perfil clássico para os empreendedores por necessidade, que são aqueles que abrem uma empresa por falta de ocupação formal. Normalmente este tipo de abertura é ligada a alguma habilidade pré-existente do profissional, como saber cozinhar, por exemplo. Você já leu a história do empreendedor do Dia de Pudim? Ela vai bem nesta linha – precisou montar o negócio para ter renda durante a pandemia.
Trata-se de um tipo bastante comum de empreendedor, pode-se dizer, até porque é mais fácil montar uma empresa naquilo que você sabe como se faz. Conhecer o processo todo do trabalho a ser desenvolvido ajuda na hora de planejar corretamente o negócio, e o empreendedor executor é essa pessoa que tem o know-how acumulado. Ele domina uma parte técnica do trabalho, e consegue assim definir dentro das perspectivas da empresa como será feito o atendimento e as entregas aos clientes.
Embora a vantagem seja conhecer como deve ser feito o trabalho, esta também pode ser uma desvantagem se você não souber a hora de delegar as ações aos outros profissionais envolvidos: o executor tem mais dificuldade de deixar o dia a dia das tarefas para trabalhar com a gestão do negócio em si.
Neste caso, o ideal é aprimorar-se no sentido de saber a hora de ser gestor também ou encontrar um parceiro de negócios que se encaixe neste perfil – somando ao seu, para completar todas as necessidades do negócio.
Perfil 2 – Empreendedor Gestor
Esse profissional é aquele que gosta de ter uma visão macro do negócio, planeja os próximos passos com base nos dados coletados, quer estar próximo de todos os funcionários para mantê-los animados e engajados com o trabalho. Será certamente o primeiro a pensar em montar um bom plano de negócios antes de dar o pontapé inicial na empresa.
Diferentemente do perfil executor – que vai continuar se identificando como médico, padeiro ou técnico de informática quando se torna empreendedor -, o gestor assume naturalmente a designação de empresário. A visão do brasileiro sobre quem é a figura do empresário corresponde exatamente a este perfil de empreendedor: seria aquele que fica atrás de uma mesa, revisando todos os papéis do negócio e tomando as decisões difíceis, do tipo de investimento a ser feito até a contratação e demissão de funcionários (mais ou menos como a representação clássica nas telenovelas).
Esse perfil de empreendedor é capaz de controlar com clareza os números da empresa, e a gestão financeira será mais acertada e clara com ele. A dificuldade é justamente deixar de lado o modo empresário e partir para a linha de frente do negócio, executando ações ligadas ao dia a dia.
Comumente, em uma empresa onde o principal componente é um empreendedor gestor, todo o serviço ou produto entregue pelo negócio está nas mãos dos técnicos contratados. Talvez, justamente por isso, seja interessante ter alguém da área de atuação como sócio mesmo, para garantir a boa execução do trabalho.
Perfil 3 – Empreendedor Criativo
Este é aquele tipo que vê ideias de negócio em todo o lado: nas atividades que executa no dia-a-dia, mas também em outros espaços e áreas de atuação que nem conhece muito bem. Podemos dizer que os empreendedores que trabalham com inovação estão neste perfil, porque a ideia básica é trazer uma maneira diferente de fazer as coisas, com muita criatividade.
O criativo vai montar uma empresa na melhor cidade para empreender, independentemente de ter raízes nela ou não. Vai criar umas três empresas ao mesmo tempo, para ver qual delas pode vingar. Está sempre aberto a novas sugestões e quer também criar novas rotinas e projetos dentro da própria empresa: com ele as coisas mudam com rapidez, sempre buscando uma versão melhor do que a anterior.
Quem é um empreendedor criativo normalmente não está muito apegado ao negócio: ele é interessante enquanto é um laboratório, ou se seguir sempre inovando, mas deixa de trazer o brilho nos olhos quando transforma-se em uma empresa tradicional e de processos repetitivos.
As dificuldades deste perfil moram justamente na instabilidade: a criatividade muitas vezes abre espaço para não ser tão pé no chão quanto se deveria em se tratando de negócios. A dica aqui é encontrar uma parceria que dê o suporte necessário para o criativo seguir inovando, e mantenha o negócio andando corretamente, com gestão e execução em dia.
Como colocar o empreendedorismo em prática
Uma coisa é certa, seja qual for o seu perfil de empreendedor, é possível colocar as ideias em prática. Mesmo que você perceba limitações nas suas competências para criar uma empresa própria, busque desenvolvimento e também parcerias que supram algumas das principais dificuldades.
É muito legal montar um negócio com um grupo de amigos do mesmo segmento, por exemplo, e pode ser que analisando detalhadamente cada um possa realmente complementar a empresa com as suas principais características já desenvolvidas. Mesmo em um escritório de Advocacia, onde todos por óbvio serão advogados, há alguém que gosta mais da gestão das pessoas e outro que tem competência para as análises financeiras. É preciso conversar e deixar claro o que cada um irá agregar ao projeto comum, porque mesmo quem já tem vocação para o assunto ainda poderá investir no desenvolvimento do perfil que deverá entregar.
O mais importante disso tudo é ter conhecimento sobre quais as características que promovem o empreendedor, e buscar desenvolvê-las quando ainda não instaladas em você. Ninguém chega à idade adulta sem muitas qualidades que podem ser aproveitadas em um negócio – e definir este caminho está nas suas mãos. Levar adiante um projeto requer coragem, nós sabemos, e isso o povo deste país tem de sobra.
A alavanca do empreendedorismo é justamente essa grande vontade de não depender dos outros, de poder direcionar o caminho do negócio, de ser aquele que toma as decisões – acerta e erra também. Quem tem essa essência pode, certamente, seguir um brilhante caminho de negócios – seja com quais características prévias começar a caminhada.